Colagem de capturas de tela exibindo os resultados de uma extensa pesquisa virtual feita sobre a ilha fantasma chamada "Brazil". A obra se vale das funções de diversas ferramentas digitais para organizar as diversas narrativas — históricas, literárias, mitológicas, cartográficas — que se entrecruzam pelas telas. O acabamento das impressões em metacrilato evoca ainda o aspecto vítreo das telas de computadores, smartphones e tablets, que mediam inevitavelmente nossa relação com a realidade.
Políptico fotográfico > 6 impressões em pigmento sobre papel de algodão e metacrilato
(37,5 x 60 x 1 cm cada; 75 x 180 x 1 cm total)
Políptico fotográfico > 6 impressões em pigmento sobre papel de algodão e metacrilato
(37,5 x 60 x 1 cm cada; 75 x 180 x 1 cm total)
Hy Brazil é uma investigação sobre o erro, o engano e a ilusão. Ela toma por objeto uma ilha fantasma chamada "Brazil" (ou Hy Bressail, O’Brazil, Bracil, Bracir etc.) muito antes da
descoberta das Américas. Geralmente situada próxima à costa da Irlanda, ela esteve presente em praticamente todos os mapas náuticos de 1325 a 1870, até ser finalmente descartada pela cartografia moderna. Nesse meio tempo, a Ilha do Brasil ocupou um lugar privilegiado no imaginário da era das navegações – na
literatura, na escolástica, na mitologia e mesmo na ufologia – como um lugar maravilhoso, porém inalcançável.
Ao traçar uma verdadeira cartografia do engano, Hy Brazil aponta para além da simples homonímia com o país sul-americano. Pois, quando visto de longe, de fora ou de cima, o Brasil não parece ser mais do que essa ilha deserta à espera de um colonizador, esse significante virgem no aguardo de um discurso redentor. Sua existência concreta – com sua história, sua geografia e sua cultura próprias – nada muda em relação a seu estatuto essencialmente fantasmagórico. Afinal, hoje como ontem, realidade nenhuma jamais impediu que florescessem e proliferassem por aqui os mais selvagens fantasmas do desejo e do inconsciente.
Metáfora vazia, como diz Malachy Tallack, "Hy Brazil é um fantasma, uma ficção, um mito e um erro. É tudo isso e, no final, não é nada".
Ao traçar uma verdadeira cartografia do engano, Hy Brazil aponta para além da simples homonímia com o país sul-americano. Pois, quando visto de longe, de fora ou de cima, o Brasil não parece ser mais do que essa ilha deserta à espera de um colonizador, esse significante virgem no aguardo de um discurso redentor. Sua existência concreta – com sua história, sua geografia e sua cultura próprias – nada muda em relação a seu estatuto essencialmente fantasmagórico. Afinal, hoje como ontem, realidade nenhuma jamais impediu que florescessem e proliferassem por aqui os mais selvagens fantasmas do desejo e do inconsciente.
Metáfora vazia, como diz Malachy Tallack, "Hy Brazil é um fantasma, uma ficção, um mito e um erro. É tudo isso e, no final, não é nada".
Conjunto de 37 transparências reproduzindo mapas dos séculos 14 a 19. Estes foram ajustados a uma mesma escala,
para que fosse possível sobrepor, não apenas as diferentes etapas do desenvolvimento da geografia, mas também as convenções cartográficas de cada época (desenhos, ilustrações, coordenadas e escalas). Uma série de gravações a laser em formato de X permite identificar as diferentes localizações da ilha "movediça".
Transparências > 37 Impressões em placas PETG 0,5mm gravadas a laser (70 x 100 cada)
Transparências > 37 Impressões em placas PETG 0,5mm gravadas a laser (70 x 100 cada)
Reprodução de uma nota do cartógrafo Robert Dudley em sua "Carta Particolare dell Mare di Ierlandia e Parte di Inghilterra e della Iscotia" de 1646-47. Junto à Ilha do Brasil, lê-se em italiano arcaico: "I. O Brasil è Isola disabtitata. È incerta se ci è tal’ Isola ò no". O que poderia ser traduzido em português por: "I. Brasil é uma ilha desabitada. É incerto se existe tal ilha ou não". Com sua face coberta de preto, o neon realça o aspecto manuscrito da anotação feita sobre papel.
Letreiro luminoso > neon branco tingido de preto (230 x 57 cm)
Letreiro luminoso > neon branco tingido de preto (230 x 57 cm)
Conjunto de recortes reproduzindo as mais diversas formas atribuídas à "Ilha do Brasil" pelos cartógrafos dos séculos 14 ao 19. Para além de seu caráter "circular", era constante a crença de que a ilha conteria em seu centro uma lagoa, ou seria ainda atravessada por um rio. A madeira utilizada, Muirapiranga, foi muitas vezes confundida com a árvore de seiva avermelhada que deu nome ao nosso país (e talvez à própria ilha). Por essa razão, ela atende oficialmente hoje por "Falso Pau-Brasil".
Relevos > 48 peças em madeira maciça (aproximadamente 25 x 25 x 2 cm cada)
Relevos > 48 peças em madeira maciça (aproximadamente 25 x 25 x 2 cm cada)
Reconstituição de um mapa de 1474 do cartógrafo Paolo Toscanelli, enviado a Cristóvão Colombo a fim de indicar a possibilidade de se chegar às Índias navegando em direção a Oeste. Toscanelli estava certo, mas também estava errado, pois ignorava a existência do Novo Mundo. O tapete reproduz em preto e branco o inédito sistema de coordenadas assim como a geografia do século 15, enquanto um jogo de alturas diferentes dos fios convida o público a "esbarrar" acidentalmente na América com seus pés.
Tapete > nylon antron (poliamida) com fios de 14 e 17mm, base em polipropileno e latéx (190 x 260 cm)
Tapete > nylon antron (poliamida) com fios de 14 e 17mm, base em polipropileno e latéx (190 x 260 cm)