Instalação > 240 folhas A4 impressas a preto e branco, 240 x 630 cm





                A obra apresenta uma compilação de notas de repúdio contra o presidente Jair Messias Bolsonaro, produzidas entre 2018 e 2021, tanto pela sociedade civil como por políticos de outras orientações ideológicas. Resultado da crise da democracia representativa instaurada no Brasil, estas notas se tornaram onipresentes, e marcam a uma só vez o descontentamento com o governo e a impotência coletiva face a ações concretas. 

                Sobreposta às folhas de papel está a reconstituição caligráfica em grande formato de um cartaz de protesto que o filósofo Baruch de Spinoza teria realizado em 1672, contendo apenas: "ultimi barbarorum". Quando os dignitários da República da Holanda foram depostos, resultando na sua prisão, assassinato e linchamento público (com relatos de canibalismo), o filósofo racionalista decidiu expressar a sua indignação. Seu plano era afixá-lo próximo ao local do crime, possivelmente frente a uma igreja, de modo a sublinhar a responsabilidade de monarquistas e do clero no golpe de estado. Para o filósofo, enquanto a massa seria certamente “bárbara”, os mandantes seriam “os mais bárbaros dos bárbaros”.  

                Contudo, sua ação foi frustrada pelo senhorio da casa onde vivia, que o trancou à chave em um quarto, temendo que fosse também brutalmente assassinado.





+ Textos críticos > Os mais bárbaros dos bárbaros
por José Bento Ferreira




  créditos
registro
Douglas Garcia
reconstituição caligráfica Gui Menga  
assistente de pesquisa e instalação
Natália Marchiori