Critical essay by André Pitol for the program Consultas
Curatoriais at Pivô Art and Research residency, São Paulo, 19.09.18
Source > Pivô Art and research blog
+ Works > (Still) Brazil, 2017 – 2018
+ Works > Things, 2018 – 2020
(...) A legenda, e a dimensão que o próprio still alcançou pela difusão de filmes e séries via streaming ou download, ecoa também no trabalho de Daniel Jablonski. (Still) Brazil. De um gato fronteiriço,
passamos às próprias construções de identidades e imagens de Brazil e Brazilian disponíveis
no cinema estrangeiro. Na busca de se chegar a um sentido generalizante, mas
que parta, ou pelo menos garanta, determinada particularidade, o artista faz
uso de uma série de procedimentos de catalogação, de classificação, de
segmentação de conteúdos e imaginários cotidianos para dar vazão a narrativas,
e que pretendem fazer algum sentido: daqueles que querem contar sua história,
dos que podem contá-las, e dos que, da disponibilidade de contá-las, as
protegem.
Foi justamente nessa lida desenfreada com artefatos descartáveis (que rondam o seu e o nosso cotidiano), que se deu a proposta do artista para a residência na PIVÔ. Da "febre do arquivo" à "vertigem da lista", o trato com "as coisas" externas ao artista, ao seu cotidiano, é o ponto de partida para a construção de sua autobiografia a partir de seu exterior. Vasculhando, recolhendo, listando e dispondo no espaço do ateliê (e depois no de uma galeria comercial) todos seus pertences que não estão mais em uso, a partir de critérios banais como o alfabético ou o cronológico (a escolha de um ou outro ainda estava claro durante nossas conversas), o esforço é o de catalogar seus pertences, todos eles, guardados por seus familiares e depois pelo próprio artista, desde a infância até o momento em que o trabalho se realiza. Desencaixota as possíveis lembranças, presentes e aquisições, e, com isso, tenta forçar ou mesmo criar uma memória aleatória.
No espaço, esse conjunto de objetos e papéis são apresentados em um grid, com um eixo horizontal desenhado no chão em formação ortogonal com um eixo volumétrico vertical de prateleiras. Esse destrinchamento dos objetos em eixos emula os mesmos procedimentos de fragmentação dos stills, já que a fragmentação do audiovisual também se fará presente aqui, com uma gravação em áudio que se esforça na reconstituição das memórias dos objetos apresentados no grid. Uma decomposição sistemática e documentária, que visa ligar-se sempre com o elemento externo à arte. (...)
Foi justamente nessa lida desenfreada com artefatos descartáveis (que rondam o seu e o nosso cotidiano), que se deu a proposta do artista para a residência na PIVÔ. Da "febre do arquivo" à "vertigem da lista", o trato com "as coisas" externas ao artista, ao seu cotidiano, é o ponto de partida para a construção de sua autobiografia a partir de seu exterior. Vasculhando, recolhendo, listando e dispondo no espaço do ateliê (e depois no de uma galeria comercial) todos seus pertences que não estão mais em uso, a partir de critérios banais como o alfabético ou o cronológico (a escolha de um ou outro ainda estava claro durante nossas conversas), o esforço é o de catalogar seus pertences, todos eles, guardados por seus familiares e depois pelo próprio artista, desde a infância até o momento em que o trabalho se realiza. Desencaixota as possíveis lembranças, presentes e aquisições, e, com isso, tenta forçar ou mesmo criar uma memória aleatória.
No espaço, esse conjunto de objetos e papéis são apresentados em um grid, com um eixo horizontal desenhado no chão em formação ortogonal com um eixo volumétrico vertical de prateleiras. Esse destrinchamento dos objetos em eixos emula os mesmos procedimentos de fragmentação dos stills, já que a fragmentação do audiovisual também se fará presente aqui, com uma gravação em áudio que se esforça na reconstituição das memórias dos objetos apresentados no grid. Uma decomposição sistemática e documentária, que visa ligar-se sempre com o elemento externo à arte. (...)